quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A fonte.

Chuva eu nunca pedi
a um santo Cristiano
pois quando foi apresentado aqui
em solo sul americano
as coisas começaram a mudar
a fonte passou a secar
sem floresta não há como

não há como semear.
gaivota-maria-velha.

domingo, 2 de novembro de 2014

Minha serra.

Quando  parar meu relógio
talvez eu vá lá pro alto
não pro,céu é lógico
mas pro basalto
pra minha terra,em cima serra
no meio do mato
da flexilha,da araucária
do bugio e da gralha

dos recuerdos que trago.
carancho.

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Deixa chover.

Eu vou beber um mate
antes que a chuva se cale
vou repensar minha vida
e matar minha saudade.

Eu vou beber um mate
antes que o tempo me mate
a chuvarada anda braba
e quando semear não se sabe.

Vamos beber um mate tchê
antes que a vida nos mate
a lida anda atrasada
e a decisão não nos cabe.

Se aprochega pro galpão
que a água já esta quente
vou cevar um chimarrão
para matar a nossa cede.

Não tem nem oque ver
só nos resta fazer
como faz o japonês
deixa chover.

Então vamos beber um mate
e contar causos da lida
rir da nossa vida

antes que a mesma nos mate.
marreca-de-coleira fêmea
barreiro

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Pelos olhos de uma ave.

Para falar de uma ave?
é muito mais que admiração
na realidade
eu as invejo do fundo do meu coração.

Eu as admiro
pois em seu mundo
sobrenome e dinheiro,não fazem sentido.
Eu as invejo
no verão as plumas se afinam
e se atição no inverno
aves sentem seu mundo
um mundo que eu quero.

Voar e correr pelos campos
como se a terra não tivesse dono
acordar quando quiser
dormir por sentir sono
pelear para comer
e fugir do perigoso
 
Aves cantam ao meu redor
observam oportunidades
semeiam um mundo melhor
sem ódio,sem falsidade.

No meu caminho eu busco
não somente a simplicidade
mas observar o mundo
com os olhos de uma ave.

 
quero-quero
andorinha-domestica-grande

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pica-pau.

No espinilho ecoa um som milongueiro
pois se o payador tem a guitarra
o fole tem o gaiteiro
e o pica-pau tem a madeira
e faz ouvir-se no potreiro.

É carpinteiro da floresta
abrindo o oco do pau
o tempo não contesta
se feio não faz mal
sempre disposto ao serviço
o valente pica-pau.


 
Colaptes campestris

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Tempo milongueiro.

Este tempo milongueiro feito gaita
abre,fecha
chove ,para
o fole segue soprando uma melodia baguala

um acorde minuano,que a primavera não cala.
quiriquiri
carancho

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Na primavera.

Tipiu,sobe desce,canta
enchendo  o campo de sons
semeando nesta pampa
mais um tempo dos bons.

O verde rompe a terra
fazendo ela gemer
se chama primavera
o aroma que sinto ao entardecer.

O espinilho hermoso
mais colorido e generoso
da a calandria ninheira
da paz a esta fronteira

neste solo grandioso.
sanhaçu-cinzento
quiriquiri

sábado, 13 de setembro de 2014

Sem pampa.

Resta transformar tristeza em poesia
e liberar amor pela garganta
chamando a alegria
aos ouvidos de quem canta
sentir aroma de banhado
mesmo fechado

sem pampa.
carancho.
saracuruçu

Voz dos banhados.

Se pudecemos mudar nosso caminho
seria tudo diferente
mas não somos senhores do destino
somos peças somente
fazendo oque nos foi competido
como se já escrito anteriormente.

Esta terra salvou minha vida
e a ela devo meu destino
sou a voz destes banhados
como a muito prometido
aconteça o que acontecer

o lendário Jaguaru,nunca esteve tão vivo.
gaivota-de-cabeça-cinza.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Cantador da campanha.

Mira a simplicidade
que ecoa na tarde  aos desatentos ouvidos
no meio do espinilho,todo pássaro se engana
quando começa a trova da astuta calandria.

é payadora
contando causos a poucos  que falam sua língua
falou da chuva,falou da seca
deu graças a o Bueno dia
entre a figueira,com a companheira
trançou sua vida.

Sabe da campanha como poucos
conhece as manhas da lida
peleia vida de campo
fazendo versos da vida
buscando o sustento ou uns troco
pra compartilhar com a querida.

Junta a guitarra a tardinha
para o ultimo verso rimar
como a se despedir com alegria
e em paz descansar
e quando o sol despontar no horizonte

mas uma vez vai se ouvi-la cantar.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Por que,sentinela?

Por que não dorme sentinela?
tens medo de não acordar?
sempre ronda na madrugada
bem ante do sol raiar
por que não dorme sentinela?
Já que sabes que a lida é bruta
Pra quem tanto peleia
e tão pouco desfruta
descanse sentinela
enquanto podes descansar
pois nunca se sabe

o que o futuro ira nos dar.
Vanellus chilensis(sentinela).

domingo, 29 de junho de 2014

AGUATEIRO.

Na madrugada
se  boleia a tormenta
assombrando a fronteira em compasso bagual
por bem ou por mal
o rio remossa
enchendo a campanha de possa
em um antigo ritual
silenciou vendaval
deixando aguateiro
repassando ao barreiro

o compromisso vocal.
Zenaida auriculata.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Gaiola.

Eu desejo a gaiola
para quem não respeita a liberdade
que não mira a felicidade
que se ouve campo afora
esta planície não tem fronteiras
como não há fronteiras para os cardeais
que sobre alambrados e porteiras
cantam por demais
como a esnobar de seu fracasso

pois não lhe param jamais.
Paroaria coronata.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

VIDA PEREGRINA.

Sempre almejando um rancho
a vida passei
mais desnorteado que carancho
não solito mateei
tomei mate com o pensamento
nos rincões por onde andei
quisera um dia criar raízes
sem saber se conseguirei
mas nessa vida peregrina
uma cuia carregarei
para matear em um amanhecer

em que pago não sei.
bem-te-vi.

terça-feira, 27 de maio de 2014

QUERIA QUE O POEMA TIVE-SE.

Para agradar certa guria
pedi ao campo
que me empresta-se sua poesia.
Floresce no inverno
com força a flor azedinha
tapa o chão desta fronteira
se pude-se coletava todas, e daria de presente a minha prenda.
Gostaria de por no poema
o canto da calhandra
com sabedoria, e força na garganta.
levaria no poema a tardezita
com os aromas desta pampa
para minha morena,flor mais bonita
motivo pelo qual este paysano canta.

Queria que o poema tive-se a estampa
de uma tarde calma junto ao rio
que carregue anseios  de minha alma
pra meu peito não sentir-se vazio
queria que o poema tive-se, o tamanho de um momento
que sirva como uma prece,e carregue meu pensamento
que o poema semeie, assim como semeia o vento
que semeie no coração da prenda,um belo sentimento.




 
Ardea cocoi.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O FRIO PEDE LICENÇA.

O frio mostrou a cara
nos pagos da fronteira
encarangou o paysano
arrepiou a coruja-buraqueira
o dia segue mateando
ao lado de uma fogueira
porem a lida de campo prossegue a semana inteira
sina de inverno é minuano estralando a mangueira
ao ver esta paisagem
cada vez mais tenho certeza
em meio a tanta umidade
extrema beleza
uma barbaridade,se espera pobreza
não o que dizem as aves,que aqui encontram riquezas
o banhado se agiganta

e a pampa,pede licença.
Athene cunicularia.

domingo, 11 de maio de 2014

CAMPANHA.

O que diz meu canto
anseios de vida
no entanto,me gusta a lida de campo
uma tarefa cumprida
inspiração para poesia
pelo banhado e espinilho
em comunhão ao arado e ao gado bovino
coisas que eu digo,do fundão da invernada
do frio,do calor,o desespero na chuvarada
pois pra viver na campanha
o paysano tem que ser taurra.

 
Mimus saturninus.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

PRAS BANDAS DA COXILHA ALTA.

Campeando paz para caçada
no corredor firmou morada
junto a tupã e a prenda amada
do buraco,fez tapera assombrada
com fé,plantou futuro e ninhada

nos pagos de Jaguarão,pras bandas da coxilha alta.
Athene cunicularia.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

EMA.

É uma ave pesada
que não pode voar
seu destino é caminhar
pela planície encharcada
de patas largas
igualmente ao pescoço
forma bandos numerosos
ainda muito caçada.

Sucumbe a maldade do homem
talvez por isso sumiu da serra
pois lhe matam sem sentir fome
e sem nenhum respeito a terra
da campanha é mais um quera
que torreia o minuano de frente
é como se fosse meu parente
pois me considero um nativo
deste vasto chão primitivo
que povoa minha mente.

O macho que defende os ovos
com valentia e astucia
um colírio para os olhos
não é qualquer  coisa que lhe assusta.

Come a soja sim
que poderia vender o homem
porem tenho pra mim
só assim pode matar a fome
pois sem capim nem banhado
não se pode dar ao luxo o selvagem
pois sabe que o alambrado é uma baita bobagem.

Ainda tem que enfrentar o javali
intruso caborteiro
que devora ovos
adultos e panuelos.

Se hoje sou payador
é por culpa da ema
enorme inspiração
para escrever um poema.

ESPINILHO.

No espinilho tem cruzeira.é verdade
mais uma prova de sua diversidade de vida
de bichoitá a corruíra
e mais tanto que não posso olvidar
solo me resta payar

para defender La tierra mia.
Zonotrichia capensis.

terça-feira, 22 de abril de 2014

MOVIMENTO.

Se parar,more
é a lei da natureza
sua beleza esta no movimento
peleia por terra,alimento
nestas lonjuras
a vida é bruta para qualquer criatura
entre secas e cheias,entre espinilho e gravatá

se a vida prospera,só o tempo dirá.
chimango.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

AQUI.

As norte americanas vem se alimentar
as brasileiras nidificar
patagônicas?O inverno torrear
e as residentes são taurras por demas
esta pampa úmida

das aves é lar.
garça-branca-pequena.

terça-feira, 8 de abril de 2014

A ESPERAR.

Um rancho,um mate,uma janela
a lua despontando,no amanhecer uma espera
o canto do barreiro,as lonjuras nos leva

cada gole de amargo,mais escencia  de terra.
Hoplias malabaricus.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

PESCARIA DA RIMA.

pintado
Pescaria
é pura rima
a taraira rima com o calorão
a chuvarada rima com o jundiazão

jundiá
e o pintado com o rio Jaguarão.
traira

segunda-feira, 31 de março de 2014

MAS UNA PAYADA.

Canto la bida
si no canto otra cosa
pero oque cabe en la mia,es payar a mas hermosa
quiria yo tener,la liberda de la corruíra
que puede en la bida

siempre,cantar con alegria.

domingo, 30 de março de 2014

O CONDOR GAUCHO.

Não adianta esconder a morte
ele sempre fica sabendo
do céu é veterano
após anos aprendendo
esse Rio Grande observando

sobrevoando sentindo cheiro.
Cathartes aura.

sexta-feira, 28 de março de 2014

PELO CORREDOR.

Eu peso a Deus
que proteja o corredor
e lhes digo sim senhor
não me agrada que sejas rosado
pois o lado de cá do alambrado
guarda a vida que ainda resta
onde a soja não tomou conta
onde a liberdade governa.

Onde o gavião encontra sua cassa
o tatu faz sua toca
coruja-buraqueira tem  sua casa
marca do fundo da grota.

Se achas pode ter cobras
Sim podes encontrar
por favor respeite o corredor

se a reserva legal não podes respeitar.

quinta-feira, 20 de março de 2014

mateando.

Eu sou assim desse jeito,do lugar de onde venho
de não ter que provar  a ninguém ter aquilo  que não tenho
sou o que sou com estes anseios  sem freio
enquanto penso na vida,despacito mateio
a liberdade dos campos não é mais como era
pois nem todo homem tem o mesmo direito a terra
então entrego minha alma as asas de um sentinela
com seu voo elegante que desconhece fronteiras

 e aquilo que acredito,o meu canto semeia.

domingo, 16 de março de 2014

MINHA SINA.

Do sul na patagônia
ao norte no alagado
sou da pampa sem alambrado
 meu santuário,minha religião
as sesmarias trago devosão
como um carancho caborteiro ou um soro ladrão
campeando a vida
com ideal de liberdade
tendo o nascer de mais um dia,como minha maior vaidade
das geadas de julho,ao calorão de dezembro
agradeço a Dios pelo que tenho
por dar valor a ao que realmente vale
por este vasto chão fronteiro
que dentro do meu peito cabe
haciendo versos inspirados nesta grandiosa natureza
tenho paz e certeza no soi payador em vão
pois feito um tição,sem valor para civilização
como a guela de uma calhandra
tenho de cantar esta pampa
 sem nó na garganta.

 
tico-tico.
garça-branca-pequena.

quinta-feira, 13 de março de 2014

CALHANDRA DE OURO.

Assim nasceu o nativismo
no canto crioulo do bicho 
viro troféu de festival
com o talento vocal
que a calhandra traz no bico.
Mimus saturninus.

quarta-feira, 5 de março de 2014

Naquelas bandas.

No juncal,rumo a Bretanias em frente a estancia Esmeralda
rua esburacada,sempre vira um atoleiro
naquele pedaço de chão fronteiro,patrulhado por dois tauras
que criaram uma ninhada entre a soja sem medo
a livrando de pragas,enjustisados pelos fazendeiros
chegava a noite buscavam as casa
campeando besouros na iluminação
assim se passavam os dias,no oco do rincão
naquelas bandas entre Arroio Grande e minha querida Jaguarão.

Athene cunicularia.

terça-feira, 4 de março de 2014

GAIOLA.

A melhor coisa da vida,é sem duvida a liberdade
quem aprisiona sem justificativa,tem que estar atrais das grades
a gaiola
não é gloria,é pesadelo
o canto é socorro
para volver de novo,a liberdade de seu berço.
CORUJA BURAQUEIRA.
ANDORINHA-DOMESTICA-GRANDE.

domingo, 2 de março de 2014

O TIÚ?

Foi la na Bretanias
quando andava por aqueles lados
me topei com um sorito tiquito
atrevido mas desconfiado
andava me cercando
como que perguntando
o tiú?tu cria galinha
o tiú?posso de fazer uma visita
o soro saiu frustrado,e eu com alegria
por ter admirado tão de perto

aquele bixo por demais de esperto.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

QUIRIQUIRI.

  Estas  sesmarias são vigiadas
de roedores bem guardadas
 patrulhado por garras afiadas de um quiriquiri matreiro
que de janeiro a janeiro

neste posto monta guarda.
Falco sparverius.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

CALHANDRA.

Da aula no rincão,cada vez que canta
taura da interpretação,esta xírua calhandra
quando lhe ouço na manha do chimarrão
me encho de esperança
esperança de que a canção gauderia dos pampas

não vire ilusão,aos ouvidos de quem a ama.
Mimus saturninus.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

PRESENTE.

Do futuro não se sabe
é incerto
decerto uma ave,que campeia vida em cada segundo

tem do mundo,o que realmente vale.
Furnarius rufus.

Esperando na margem.

A piracema ta acabando
socósada anda esperta
parece que andam adivinhando,o banquete que lhes espera

por cada pedaço de margem,peleiam como uma fera.  
savacu.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

PALOMA.

Campeou a semente
nos rumos de um canto
veio a mente,qual o futuro do campo
pelas ações da gente,que afetam os pampeanos.

A pomba é como o homem
perseguida pela fome

vencida na terra,por quem peleia em seu nome.

Zenaida auriculata.